terça-feira, 27 de maio de 2008

Afinal o filme também era meu!

Como tem estado de chuva*/** e eu tenho medo de ganhar ferrugem não tendo ainda dado um ar da minha graça na Feira do Livro, ontem fui ao cinema, com a melhor prima do mundo. My blueberry nights é, definitivamente, um filme a ver e os motivos são vários.

O principal, para mim, foi este:

* Mais uma expressão que eu gosto!

** Alguém pode explicar ao São Pedro que falta menos de um mês para o Verão começar? É que acho que o santo anda um pouco perdido no tempo... e com o tempo!

Música: The penalty, dos Beirut. Não tem a ver com o filme, mas estou fascinada com o CD!

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Experiências a não repetir, ou a minha primeira (e muito provavelmente última) reunião de condóminos

Bom, o título diz tudo, ou quase. Na passada terça-feira, fui, completamente ao engano, à reunião anual de condomínio. Completamente ao engano, porque tinha a esperança de poder estar sentada durante duas horitas perto de dois ou três miúdos giros que eu já vi no elevador umas vezes.

Mas não estive. Aliás, entre aquilo e o Congresso Anual dos Geriátricos Lisboetas, venha a Diabba e escolha (tenho saudades tuas, miúda; sim, vou ver a agenda, inícios de Junho parece-me bem; aproveitamos e combinamos com as outras marretas). E é pessoal que vive muito aquilo! Também, devo dizer que compreendo; na prática, caso nenhum dos netos case este Verão, aquele foi O acontecimento do ano para alguns daqueles senhores.

Burra pontual como sou, cheguei à horinha marcada, para deparar apenas com as duas pessoas da mesa. Esperei heroicamente uma hora, até haver quorum. As duas horas seguintes foram de bradar aos céus (não vou desenvolver este ponto, fico com nervoso miudinho). À meia-noite, estoirada, entreguei os pontos e saí de fininho, deixando os meus vizinhos naquilo que quase se transformou numa batalha campal verbal. É que tinha começado o dia bem cedo...

...por causa de Sua Excelência...
...a Maria Patanisca, que anda com a mania de praticar o combinado corrida/salto 2 metros barreiras, sendo a barreira a minha cabeça. Como cedo começa o dia, ainda não são 6 e meia, e a tipinha já anda aos pinchinhos feita parva, que um destes dias ainda tem azar e faz um upgrade forçado dentro da área desportiva, como seja o salto negativo impulsionado pelo braço da dona, com o objectivo de ficar agarrada ao candeeiro do tecto até acalmar os ânimos... eu até tenho um bom acordar, mas há limites... que ela anda a testar, eu bem sei...
Vai daí, estava eu forçosamente de pestana aberta, achei por bem levantar-me ainda nem eram 7. Ora, ainda não eram 8 e eu já no estaminé a começar a dar no duro... para rematar o dia com a Brigada do Reumático com discursos rebuscados inflamados e caros (anotei duas palavras novas para procurar o significado no dicionário).

Mas aprendi! Para mim, reunião de condóminos é como o aeroporto em Alcochete: Jamé! Pois...
Na madrugada seguinte, a Maria Tanicuscas estava já nos ensaios para os mortais (sim, que ela anda a arriscar-se a que eu abra uma janela da casa e a curiosidade dela faça o resto) ainda não eram 6 e meia. Tratei de a meter fora do quarto ede fechar a porta. Sem espinhas nem arrependimentos. E dormi mais uma horita.
É para aprender a não incomodar o sono da dona.
Música: You give me something, do James Morrison. E quero lá saber que não dê para dançar! Humpf...

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Avisos aos paroquianos

Recebo cerca de 350 mails da treta por dia; a maior parte vai directamente para o caixote do lixo, sem direito a ser aberto. Enfim, uma morte rápida e indolor por via da indiferença.

Não obstante, hoje abri um com uma apresentação em powerpoint que transcreve avisos afixados na Igreja paroquial de Belmonte. De acordo com os autores da apresentação, todos eles são reais, escritos com muito boa vontade e muito má redacção.

Como eu acho que boa vontade é algo que falta a muita gente, deixo aqui transcritos– como mostra de boa vontade, neste caso por via da partilha – os ditos avisos, com direito aos meus próprios comentários (mas isto não se deve à boa vontade: é mesmo porque não resisti).


Para todos os que tenham filhos e não o saibam, temos na paróquia uma área especial para crianças.

(Pessoal mais distraído… também, ninguém avisa!)

Quinta-feira que vem, às cinco da tarde, haverá uma reunião do grupo de mães. Todas as senhoras que desejem formar parte das mães, devem dirigir-se ao escritório do pároco.
(É que o pároco tem um PhD em “como ser mãe”. E gosta de partilhar...)

As reuniões do grupo de recuperação da autoconfiança são nas sextas-feiras, às oito da noite. Por favor, entrem pela porta traseira.
(Lindo. Lindo!!!! Liiiiindo! )

Na sexta-feira às sete, os meninos do Oratório farão uma representação da obra “Hamlet” de Shakespeare, no salão da igrja.
Toda a comunidade está convidada para tomar parte nesta tragédia.

(E assim se castram as veias artísticas da criançada: arrasando com críticas ainda antes que comece. Na minha terra, chama-se: cortar o mal pela raíz.)

Prezadas senhoras, não esqueçam a próxima venda para beneficiência.
É uma boa ocasião para se livrarem das coisas inúteis que há nas suas casas.
Tragam os seus maridos!

(Claro! E há lá coisa mais inútil em casa do que um marido? Só mesmo o Galo de Barcelos! Mas esse tem valor sentimental...)

Assunto da cataquese de hoje: “Jesus caminha sobre as águas”.
Assunto da catequese de amanhã: “Em busca de Jesus”.
(Deveriam acrescentar: trazer escafandro, pés de pato,...
Assim como eu tenho imensa pena que o Santo António tenha morrido sem me explicar como se desenvolve o dom da ubiquidade, creio que Moisés não terá explicado bem a Jesus aquilo de separar as águas, e caminhar sobre líquidos... e tal...)

O coro dos maiores de sessenta anos vai ser suspenso durante o verão, com o agradecimento de toda a paróquia.
(Se a minha avó lesse isto, já estava a dizer que no tempo do Salazar não era esta rebaldaria, que havia respeito pelos mais velhos. Deverei concluir que os mais velhos poderiam fazer o que quer que fosse, incluindo cantar durante todo o Verão? Vou perguntar-lhe!)

Lembrem nas suas orações todos os desesperados e cansados da nossa paróquia.
(Hum... ficou alguém de fora? Não? Óptimo, não queremos aumentar a lista do pessoal que frequenta o curso de auto-estima e que tem de entrar pela porta dos fundos. Isso é que não!)

O mês de Novembro finalizará com uma missa cantada por todos os defuntos da paróquia.
(É o famoso Coro dos Anjos... ou as Vozes do Além, já não me recordo.)


O torneio de “basquet” das paróquias vai continuar com o jogo da próxima quarta-feira.
Venham aplaudir, vamos tentar derrotar o Cristo Rei!

(Peraí... e o Cristo Rei vai encestar como, se nem consegue fechar os braços?)

O preço do curso sobre “Oração e jejum” inclui as comidas.
Versão moderna da bula…

Por favor, coloquem as vossas esmolas no envelope, junto com os defuntos que desejem que sejam lembrados.
(Tá bom, mas isso só dá para os que foram cremados. E os outros?)

Na próxima terça-feira à noite haverá uma feijoada no salão paroquial.
A seguir, terá lugar um concerto.
(Garantidamente!)

Lembrem-se que quinta-feira começará a catequese para meninos e meninas de ambos os sexos.
(Olha olha, outro que adora pleonasmos! Já não estou só. Nem eu nem o Camões...
Ainda que acho que deveria ser “..meninos e meninas de ambos os dois sexos.”)
Música: Baile da paróquia, do Rui Veloso.

Minha Pátria é a Língua Portuguesa



MANIFESTO
EM DEFESA DA LÍNGUA PORTUGUESA
CONTRA O ACORDO ORTOGRÁFICO

(Ao abrigo do disposto nos Artigos n.os 52.º da Constituição da República Portuguesa, 247.º a 249.º do Regimento da Assembleia da República, 1.º n.º. 1, 2.º n.º 1, 4.º, 5.º, 6.º e seguintes da Lei que regula o exercício do Direito de Petição)

Ex.mo Senhor Presidente da República Portuguesa
Ex.mo Senhor Presidente da Assembleia da República Portuguesa
Ex.mo Senhor Primeiro-Ministro

1 – O uso oral e escrito da língua portuguesa degradou-se a um ponto de aviltamento inaceitável, porque fere irremediavelmente a nossa identidade multissecular e o riquíssimo legado civilizacional e histórico que recebemos e nos cumpre transmitir aos vindouros. Por culpa dos que a falam e escrevem, em particular os meios de comunicação social; mas ao Estado incumbem as maiores responsabilidades porque desagregou o sistema educacional, hoje sem qualidade, nomeadamente impondo programas da disciplina de Português nos graus básico e secundário sem valor científico nem pedagógico e desprezando o valor da História.
Se queremos um Portugal condigno no difícil mundo de hoje, impõe-se que para o seu desenvolvimento sob todos os aspectos se ponha termo a esta situação com a maior urgência e lucidez.

2 – A agravar esta situação, sob o falso pretexto pedagógico de que a simplificação e uniformização linguística favoreceriam o combate ao analfabetismo (o que é historicamente errado) e estreitariam os laços culturais (nada o demonstra), lançou-se o chamado Acordo Ortográfico, pretendendo impor uma reforma da maneira de escrever mal concebida, desconchavada, sem critério de rigor, e nas suas prescrições atentatória da essência da língua e do nosso modelo de cultura. Reforma não só desnecessária mas perniciosa e de custos financeiros não calculados. Quando o que se impunha era recompor essa herança e enriquecê-la, atendendo ao princípio da diversidade, um dos vectores da União Europeia.

Lamenta-se que as entidades que assim se arrogam autoridade para manipular a língua (sem que para tal gozem de legitimidade ou tenham competência) não tenham ponderado cuidadosamente os pareceres científicos e técnicos, como, por exemplo, o do Prof. Doutor Óscar Lopes, e avancem atabalhoadamente sem consultar escritores, cientistas, historiadores e organizações de criação cultural e investigação científica. Não há uma instituição única que possa substituir-se a toda esta comunidade, e só ampla discussão pública poderia justificar a aprovação de orientações a sugerir aos povos de língua portuguesa.

3 – O Ministério da Educação, porque organiza os diferentes graus de ensino, adopta programas das matérias, forma os professores, não pode limitar-se a aceitar injunções sem legitimidade, baseadas em "acordos" mais do que contestáveis. Tem de assumir uma posição clara de respeito pelas correntes de pensamento que representam a continuidade de um património de tanto valor e para ele contribuam com o progresso da língua dentro dos padrões da lógica, da instrumentalidade e do bom gosto. Sem delongas deve repor o estudo da literatura portuguesa na sua dignidade formativa.

O Ministério da Cultura pode facilitar os encontros de escritores, linguistas, historiadores e outros criadores de cultura, e o trabalho de reflexão crítica e construtiva no sentido da maior eficácia instrumental e do aperfeiçoamento formal.

4 – O texto do chamado Acordo sofre de inúmeras imprecisões, erros e ambiguidades – não tem condições para servir de base a qualquer proposta normativa.

É inaceitável a supressão da acentuação, bem como das impropriamente chamadas consoantes "mudas" – muitas das quais se lêem ou têm valor etimológico indispensável à boa compreensão das palavras.

Não faz sentido o carácter facultativo que no texto do Acordo se prevê em numerosos casos, gerando-se a confusão.Convém que se estudem regras claras para a integração das palavras de outras línguas dos PALOP, de Timor e de outras zonas do mundo onde se fala o Português, na grafia da língua portuguesa.

A transcrição de palavras de outras línguas e a sua eventual adaptação ao português devem fazer-se segundo as normas científicas internacionais (caso do árabe, por exemplo).

Recusamos deixar-nos enredar em jogos de interesses, que nada leva a crer de proveito para a língua portuguesa. Para o desenvolvimento civilizacional por que os nossos povos anseiam é imperativa a formação de ampla base cultural (e não apenas a erradicação do analfabetismo), solidamente assente na herança que nos coube e construída segundo as linhas mestras do pensamento científico e dos valores da cidadania.

Os signatários,

Ana Isabel Buescu
António Emiliano
António Lobo Xavier
Eduardo Lourenço
Helena Buescu
Jorge Morais Barbosa
José Pacheco Pereira
José da Silva Peneda
Laura Bulger
Luís Fagundes Duarte
Maria Alzira Seixo
Mário Cláudio
Miguel Veiga
Paulo Teixeira Pinto
Raul Miguel Rosado Fernandes
Vasco Graça Moura
Vítor Manuel Aguiar e Silva
Vitorino Barbosa de Magalhães Godinho
Zita Seabra
...


Poderão juntar a vossa voz a esta causa em Manifesto em Defesa da Língua Portuguesa contra o Acordo Ortográfico, pois todos não seremos demais.
_______________________
Nota: Este post não foi pensado, marinado, escrevinhado, etc pela Actriz Principal. Contudo, a dita Actriz subscreveu e assinou por baixo. Afinal de contas, esta é a matéria-prima que usa para expor as suas patacoadas!

domingo, 4 de maio de 2008

Breaking News

Nos últimos dias, e à conta da visita da minha rica mãezinha – visita essa que me levou a comprar pilhas para os comandos das TVs (isto de escrever TV no plural até dá a ideia que apostei seriamente no audiovisual lá em casa; desenganem-se!!!) – e à conta de outras visitas... onde ia eu? Ah!, vi mais televisão numa semana do que nos 4 primeiros meses deste ano.

Contudo, devo dizer que o balanço do que vi não é nada positivo. E chego a essa conclusão pelo simples facto de sentir muito mais de perto o que se passa no mundo quando efectivamente vejo as reportagens na TV, vis-a-vis saber das mesmas através dos jornais (hardcopy e net), manchetes do dia recebidas por mail, podcasts, rádio, fofocas e discussões com colegas de trabalho e amigos, etc.

Resta a dúvida: eu é que apanhei um choque brutal e as notícias sempre foram assim não estando eu já habituada, ou o apocalipse já esteve mais longe? Deixo apenas umas notas para ilustrar:

- um ano depois, continua a falar-se do bolinho de chocolate (nome de código, para quem não lia o Desastrada e não estará a perceber do que falo e esteja curioso sobre o que estou a escrever, clique no “bolinho” e no “chocolate”, que facilmente lá chega)

- a realidade claramente superou qualquer ficção que eu alguma vez tivesse visto com esta descoberta inqualificável na Áustria; é que nem o Thomas Harris chegou a tanto nos seus famosos escritos...

- eleições no maior partido da oposição: o pessoal do Cirque du Soleil não sente a pressão da concorrência porque eles é mais acrobatas e malabaristas... e não tanto palhaços... atente-se no facto de eu estar a opinar apenas sobre dois personagens que ainda não decidiram se avançam ou se ganham juízo...


E deixo aqui A notícia de última hora:

Manchete: Tininha muda de visual (foto não disponível)

Sempre atenta às modas e fazendo qualquer coisa para estar na linha da frente das últimas tendências, Maria Patanisca foi, na passada sexta-feira, ao seu cabeleireiro exclusivo para se preparar para o Verão, chulando a sua dona em 25€ (porque era só tosquia e não tosquia + banhoca).

O corte, escolhido entre vários que figuravam nos mais recentes catálogos vindos directamente de Paris de França, evidencia as suas lindas, sóbrias e – obviamente – naturais madeixas em tons de branco e cinza. A cauda foi alvo de um tratamento especial no qual foram removidas as pelagens excessivas (a.k.a., pêlo a mais morto que a dona não andava a escovar bem, essa grande incompetente), conferindo-lhe um ar mais ligeiro que, claramente a favorece, assim como à casa da dona no geral, que, miraculosamente, deixou de ter tufos de pêlo (nome técnico: cotão) imediatamente a seguir ao dia após limpeza da mesma.

O cabeleireiro – cujo nome e número de telefone a burra da sua dona se esqueceu de pedir – dedica-se – para grande pena da dona que não se teria importado em ser tosquiada ela mesma – unicamente a beldades de quatro patas.

Tanicuscas Lindas voltou para casa um tanto apreensiva devido ao novo look, mas foi altamente elogiada pela dona – essa babada – e posteriormente mimada pela Mana Principal (de visita), que inicialmente se riu que nem uma perdida mal a viu, ainda que previamente avisada para não o fazer. (Nota da redacção: Eu não me ri quando o maricas do teu novo cabeleireiro te cortou o cabelo e fez franja, ó palerma!)

Música: Sodade, da fantástica Cesária Évora. P., quando voltares vamos dançar, não vamos?